quinta-feira, 20 de junho de 2013

Manifestações populares e o esporte

A série de manifestações que tem ocorrido nas principais cidades do Brasil que se iniciaram  pela redução da tarifa de ônibus, na verdade tem outras causas muito mais relevantes. É o estopim de uma raiva contida de todo brasileiro que paga caro para andar num ônibus superlotado, vê os preços dos gêneros de primeira necessidade aumentarem, vê hospitais públicos sem condições de atendimento, vê escolas superlotadas. Vê também pessoas influentes cometerem crimes e não serem punidas.  Tudo isso até gerou um slogan “Isso é Brasil” que é usado de forma pejorativa para tudo que está errado por aqui.

Mas já valeu a pena, pois os governos de algumas cidades dentre elas São Paulo e Rio de Janeiro voltaram atrás com o aumento da tarifa de transportes públicos.

Dentre todos esses motivos que o brasileiro tem para se revoltar, um em particular me chama a atenção: é uso exagerado de verbas públicas na construção de instalações de estádios para sediar os jogos da Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016. Li na Folha de São Paulo que os gastos já chegaram em R$ 28 bilhões e não devem parar por aí.

Um ótimo exemplo desse desperdício foi a reforma do estádio Mané Garrincha, em Brasília, que depois dos eventos internacionais será cedido a Federação Brasiliense de Futebol que não tem um campeonato com projeção nacional capaz de gerar lucros, para justificar todo esse investimento: este é o típico chamado “elefante branco”. Outro exemplo de gasto indevido foi a construção para o Pan em 2007, do Estádio João Avelange popularmente apelidado de Engenhão. Hoje a construção está interditada pela Prefeitura do Rio de Janeiro e sua reforma está prevista para durar aproximadamente 18 meses. Imagina quantos milhões de reais será gasto nessa obra ! 

Sou um apaixonado por futebol, mas não acho correto deixar de se investir em educação e saúde para construir estádios. Concordo com as manifestações de repúdio e sem violência, mas acredito que essa revolta deveria ter ocorrido na época em que o Brasil foi escolhido para sediar esses eventos, porque agora as obras já estão em andamento e esses bilhões já foram gastos. Transformar os estádios em hospitais ou escolas também vai custar dinheiro.

O grande problema é que o brasileiro tem o seu famoso jeitinho. Estamos acostumados com a filosofia “sabemos que está errado, mas quando for necessário a gente pensa e resolve”.

Pois é, a hora chegou!  

Marco Aurelio Condez
20/06/2013  

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